quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Santa Josefina Bakhita: a escrava que encontrou a verdadeira liberdade


No dia 8 de fevereiro, a Igreja faz memória à Josefina Bakhita, a escrava sudanesa que virou santa. Esta flor africana, que conheceu a angústia do rapto e da escravidão, floresceu maravilhosamente na Itália, em resposta à graça de Deus, com as Filhas da Caridade.

Infância
            Josefina Margaret Bakhita nasceu por volta de 1869 no Sudão, fazia parte do povo Daju e era sobrinha do chefe da tribo. Enquanto criança, por conta da sua linhagem familiar, ela cresceu feliz e teve uma vida relativamente próspera, não conhecendo sofrimento algum.

Sequestro
            De acordo com alguns historiadores, em 1877, Josefina foi sequestrada por mercadores de escravos. Embora ainda fosse uma criança, a menina foi forçada a caminhar por mais de 960 quilômetros até chegar ao mercado de escravos em El Obeid. Neste caminho, ela foi vendida e comprada duas vezes.
            Pelos próximos 12 anos ela seria comprada, vendida e dada dezenas de vezes. Ela foi deixada tanto tempo no cativeiro que se esqueceu dos nomes de pais e do seu próprio. Bakhita foi o nome que deram a ela, em árabe significa “sortuda”.

Escravidão
            Como escrava, ela foi tratada das mais variadas formas: desde digna quanto cruelmente. Seu primeiro dono a deu como empregada a suas filhas. Sua tarefa era fácil até que repreendeu o filho de seu dono por, possivelmente, quebrar um vaso. Como punição, ela apanhou tanto que ficou incapacitada por um mês. Após isso, ela foi vendida.
            Mas os suplícios estavam longe de terminar. Outro dono dela foi um general turco que a deu para sua esposa e sua sogra que a batiam diariamente. Tão logo suas feridas saravam, outras eram abertas, revelou certa vez Josefina. Ela contou como a mulher do general ordenava que ela fosse marcada: enquanto sua senhora assistia, segurando um chicote, outra mulher fazia os desenhos em sua pele com farinha, então cortava sua pele com uma lâmina e esfregava sal para tornar a cicatriz permanentemente. Santa Bakhita carregou em sua pele cerca de 114 cicatrizes, frutos deste abuso.
            Em 1883, o general turco a vendeu para o vice-cônsul italiano, chamado Callisto Legani. Ele era gentil com Josefina e nunca a bateu. Quando ele teve que retornar à Itália, Josefina implorou para que ele a levasse também, o que ele consentiu. Assim eles percorreram um caminho perigoso do Sudão, passando pelo Mar Vermelho, pelo Mar Mediterrâneo para enfim chegarem à Itália. Lá, ela foi dada para outra família italiana como um presente, e logo tornou-se babá.
            Os novos donos de Josefina tinham negócios no Sudão, e certa vez que a senhora decidiu viajar para lá sem ela, Bakhita ficou sob a custódia das Irmãs Canossianas em Veneza.

Conversão
            Enquanto esteve no convento, Josefina aprendeu sobre Deus. De acordo com relatos da santa, ela sempre soube que havia Deus, que criou todas as coisas, mas ela não sabia quem Ele era. As irmãs tiraram todas as suas dúvidas. Ela ficou profundamente comovida e discerniu sobre seu chamado para seguir a Cristo.
            Quando sua senhora voltou do Sudão, Josefina se recusou a partir. A dona passou três dias tentando persuadi-la a voltar para casa, mas Bakhita permaneceu irredutível. Isso fez com que a superiora do instituto de candidatas ao batismo entre as irmãs se queixasse às autoridades italianas em nome de Josefina.
            O caso foi a tribunal, e a corte considerou que a escravidão era ilegal no Sudão, antes do nascimento de Josefina, assim, ela não poderia ser legalmente escrava. Ela foi declarada livre.
            Pela primeira vez em sua vida, Josefina estava livre e poderia decidir o que fazer com sua vida. Ela escolheu permanecer com as Irmãs Canossianas.
            Ela foi batizada em 9 de janeiro de 1890 e escolheu o nome Josefina Margarida e Fortunata (Fortunata é a tradução em Latim do nome árabe Bakhita). No mesmo dia, ela recebeu a Primeira Comunhão e o Crisma. Os sacramentos foram ministrados pelo Arcebispo Giusseppe Sarto, que anos depois tornara-se o Papa Pio X.
            Josefina tornou-se noviça em 7 de dezembro de 1893, e fez seus votos finais em 8 de dezembro de 1896. Assim, ela foi finalmente designada para um convento em Schio, Vicenza.
            Pelos 42 anos seguintes, ela trabalhou como cozinheira e porteira no convento. Ela também viajou e visitou outros conventos dando seu testemunho para outras irmãs, preparando-as para trabalhar na África.

A Mãe Negra
            Josefina ficou famosa entre as irmãs por sua voz suave e seu sorriso. Ela era gentil e carismática, e era frequentemente chamada, carinhosamente, de a "irmãzinha morena" ou honrosamente como a "mãe negra".
            Uma vez, uma aluna perguntou a Bakhita o que ela faria se ela encontrasse seus sequestradores. Sem hesitação, ela respondeu: “Se eu encontrasse aqueles que me sequestraram, e ate mesmo aqueles que me torturaram, eu me ajoelharia e beijaria suas mãos. Pois, se essas coisas não tivessem ocorrido, eu não teria me tornado cristã e não seria uma religiosa hoje”.
            Durante a Segunda Guerra Mundial, as pessoas do vilarejo de Schio recorriam a ela como intercessora, e embora, bombas houvessem caído no vilarejo, nenhum cidadão morreu.
            Em seus últimos anos de vida, ela sofreu com muitas dores físicas e foi forçada a usar uma cadeira de rodas. Porém, ela sempre permaneceu alegre. Se alguém perguntasse a ela como ela estava, ela costumava responder: “Como o Mestre deseja”. Durante sua agonia, ela reviveu os terríveis dias de sua escravidão e mais de uma vez implorou à enfermeira que a assistia: "Por favor, afrouxe as correntes ... elas são pesadas!"
            Foi Maria Santíssima quem a libertou de toda dor. Na tarde de 8 de fevereiro de 1947,Josefina proferiu suas últimas palavras: “Nossa Senhora, Nossa Senhora!” e seu sorriso final testemunhou seu encontro com a Mãe do Senhor.
Seu corpo ficou exposto por três dias. Uma multidão rapidamente se reuniu no convento para se despedir de sua “mãe negra” e pedir sua proteção do céu. A fama de sua santidade se espalhou por todos os continentes e muitos são aqueles que recebem graças por sua intercessão.

Processo de Canonização
            Em 1958, o processo de canonização de Josefina foi aberto pelo Papa João XXIII. Em primeiro de dezembro de 1978, o Papa João Paulo II a declarou venerável. Infelizmente, as notícias sobre sua beatificação em 1992 foram censuradas no Sudão. Entretanto, nove meses depois, o Papa João Paulo II visitou o Sudão e a honrou publicamente. Josefina Bakhita foi canonizada no dia primeiro de outubro de 2000.
            Santa Josefina Bakhita é a padroeira do Sudão e seu dia é celebrado em 8 de fevereiro.

5 lições que podemos tirar da história de Santa Josefina
- Perdão: Josefina enfrentou muitas dificuldades em sua vida, todavia ela mostrou misericórdia, ao dizer que agradeceria aqueles que a raptaram e causaram tanto trauma a ponto de ela esquecer o próprio nome. Mesmo com uma pele coberta de cicatrizes, causadas pela crueldade de seus donos, gentileza e amabilidade eram o que refletia de seus atos.
- Identidade: Pelo trauma causado por seu trauma quando era apenas uma menina, Josefina perdeu sua identidade. Ironicamente, o nome que recebeu de seus algozes “Bakhita” tornou-se sua marca, pois foi capaz de encontrar fortuna espiritual em sua verdadeira identidade de filha de Deus.
- Diversidade: Josefina é um modelo para todos os povos, e provou que Deus ama a todos independente de qualquer característica física e amou também a todos a seu redor, sendo gentil e caridosa.
- Liberdade: Tirada de sua família e traficada, Josefina encontrou liberdade física em um convento italiano e liberdade espiritual em Deus. Hoje, ela é considerada uma intercessora por aqueles que são traficados em todo o mundo.
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- Fé: Nos seus anos como porteira, Josefina exalava uma graça inabalável. O povo de Vicenza gostava muito dela, chamando-a de “mãe negra”. Embora ela carregasse as cicatrizes físicas e psicológicas de seus anos como escrava sudanesa, ela nunca perdeu a fé. “Ó Senhor”, ela disse uma vez, “se eu pudesse voar para o meu povo e contar a eles a sua bondade no alto da minha voz, oh quantas almas seriam conquistadas!” Depois que ela morreu, estava escrito que sua mente estava sempre fixa em Deus, enquanto seu coração ainda estava na África. Josefina mostrou o que pode ser superado quando nos apegamos à nossa fé.

            Josefina teve o corpo mutilado por aqueles que a escravizaram, mas nenhum deles pôde tocar a sua alma. Ela serviu a muitos senhores, mas por fim estava feliz por servir a Deus e cuidar de tudo que ela acreditava ser a vontade de Deus para ela.
            A maior felicidade da vida de Josefina não foi alcançar a liberdade, contudo conhecer a Deus. Tal felicidade a preencheu por completo que ela deseja que todos pudessem sentir o mesmo: “Seja bom, ame o Senhor, ore por aqueles que não O conhecem. Que grande graça é conhecer a Deus!”.




Referências Bibliográficas:


quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Solenidade da Epifania de Nosso Senhor: Jesus revela-se aos homens como nosso Deus, Senhor e Salvador.




Após celebrar o nascimento de Jesus, a constituição da Sagrada Família de Nazaré e Santa Maria, Mãe de Deus, a Igreja dá continuidade ao tempo litúrgico do Natal com a solenidade da Epifania de Nosso Senhor. Neste artigo, vamos entender o significado e a importância desta celebração e de seus personagens.
            Esta solenidade tem seu dia marcado no calendário litúrgico na data de 06 de janeiro, mas no Brasil, a Igreja a transfere para o domingo após a celebração da Sagrada Família (neste ano, 2020, será celebrada em 05 de janeiro).
           A epifania de Nosso Senhor nada mais é que a comemoração da apresentação de Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, à humanidade, representada pela visita dos três Reis Magos.
            De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra epifania significa: “manifestação intuitiva da realidade, geralmente através de uma situação inesperada”. Que coisa mais inesperada que seguir uma estrela por dias para encontrar uma criança recém-nascida em um estábulo?
            A figura dos Reis Magos nesta solenidade é de vital importância. Eles não eram judeus, não esperavam um Salvador, não conheciam a história da salvação do povo hebreu, mas ao se depararem com a Virgem Maria e seu Santo Filho, logo se ajoelharam em adoração ao Deus menino.
        Embora o termo “mago” nos remeta, em um primeiro momento, à magia, neste caso, ela representa a sabedoria. Estes reis eram homens cultos e estudiosos. Estudavam astronomia ou tinham conhecimentos em navegação e cálculo do tempo considerando o posicionamento das estrelas no céu.
 Esses homens notaram no céu uma estrela diferente por isso saíram de suas terras para compreender o significado disto. Assim, iniciaram uma jornada guiada por esta estrela que os levou a uma cidadezinha de Israel denominada Belém.
        Um historiador chamado Agnello, em sua pesquisa “Pontificalis Ecclesiae Ravennatis”, no século IX, atribui aos três homens os nomes Gaspar, Melchior e Baltazar. 
Um monge beneditino, que viveu entre os anos de 673 a 735, chamado Beda, em seus estudos concluiu que os três reis não eram da mesma terra e nem se conheciam antes de iniciar a viagem. De acordo com o monge, eles se encontraram no caminho: Melchior, nome que significa “meu Rei é luz”, veio de Ur, na Caldeia, e foi quem presenteou o menino Jesus com ouro. Gaspar, cujo nome quer dizer “aquele que vai confirmar”, era oriundo do mar Cáspio, e foi quem ofereceu incenso a Jesus. Já Baltazar, nome que significa “Deus manifesta o Rei”, saiu do Golfo Pérsico, levando mirra ao menino Deus.
            Os presentes ofertados a Jesus também possuem um significado especial: o ouro representa que Jesus é o Rei, o incenso aponta que ele é Deus, e a mirra nos revela que ele é homem mortal.
            A tradição da Igreja nos ensina que os três Reis Magos representam todas as raças e povos do mundo, nos mostrando que Jesus veio para salvar a todos. E que após os magos chegarem a seu destino, a estrela desapareceu.
            Todas essas informações fazem parte da Tradição de nossa Igreja. Na narrativa bíblica não existe nome, etnia, ou até mesmo quantidade.
            Foi apenas no século III, que o escritor e teólogo Orígenes apontou que eram três magos levando em conta a quantidade de presentes ofertados ao Menino.
           Quanto à realeza, somente no século VI é que um autor chamado Tertuliano foi quem primeiro sugeriu que eles eram quase reis. Tal sugestão foi bem aceita pois combina com o versículo 10 do Salmo 72: “os reis da terra se prosternarão e lhe oferecerão os seus dons”.
            As primeiras pinturas acerca da epifania, encontradas nas catacumbas, datadas do inicio do século II-IV representam estes homens apenas como nobres persas, de acordo com o Padre Miguel Fuentes, do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), só no século VIII é que vamos encontrar as primeiras imagens dos reis.
            Nos nossos dias, já está cristalizada em nossa tradição que os magos eram reis. Em qualquer presépio podemos encontrar os nobres prostrados diante do Rei dos reis. Se eram reis, ou três, ou árabes ou persas, isso não importa. O que nos é caro é o que eles representam, bem como o reconhecimento que eles tiveram de Nosso Senhor.
            É interessante ressaltar que esta não foi a única epifania na vida de Jesus. Podemos citar outras quatro, de acordo com a Bíblia: houve uma epifania no momento em que Jesus estava sendo batizado no rio Jordão, quando os presentes ouviram a voz de Deus revelando que Jesus é o seu Filho muito amado (Mateus 3, 17); outra epifania ocorreu quando Jesus operou o seu primeiro milagre nas bodas de Caná, ao transformar água em vinho (João 2, 1-11) e por fim, quando o centurião declara que verdadeiramente Jesus era o Filho de Deus, ao constatar a morte de Nosso Senhor (Mateus 27, 54).
           A epifania de Nosso Senhor nos mostra que, embora o povo hebreu o esperasse, ele veio para todos os povos e nações, para todas as classes sociais, para homens, mulheres, crianças, jovens e idosos. Esse episódio também nos relembra a importância de abandonarmos nosso comodismo e irmos de encontro a nosso salvador, ofertando a ele os nossos melhores dons.
            Que nos inspiremos nos Magos e não tenhamos medo de irmos aonde o Senhor nos mandar!




Fontes de Pesquisa:


sábado, 9 de novembro de 2019

Virgem Maria: A Medianeira de Todas as Graças



         Como já foi dito em outro artigo deste blog, Nossa Senhora, em um ato de respeito e amor, recebe vários títulos e nomenclaturas da Igreja e dos fiéis devotos. Por isso, hoje, vamos traçar alguns entendimentos acerca do título mariano de Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças.
            A Bíblia nos ensina que existe somente um mediador entre Deus e os homens – Jesus Cristo (I Timóteo 2, 5). Todavia, a Igreja, em seu magistério, explicita que a Virgem Maria também é digna de ser chamada de medianeira, por ser a Mãe do Salvador, sendo assim a mediação entre a humanidade e o Cristo Senhor.
            Nossa Senhora é invocada como “Mediátrix” (medianeira) em razão de Nosso Senhor, em sua infinita misericórdia, fazer questão que sua Santíssima Mãe participe ativamente, de maneira extraordinária, de sua missão de ser canal da graça divina sobre todos os homens. Por isso, em seus últimos momentos na cruz, Jesus a entrega como a Mãe da Igreja nascente, na pessoa de João.
        A Virgem Maria, em suas poucas aparições nos textos bíblicos, geralmente se mostra preocupada com as necessidades dos que estão ao seu redor: ao saber que a prima idosa estava grávida, abandona tudo e vai a seu auxílio (Lucas 1, 39-80); nas bodas de Caná intercede a Jesus pelos noivos que iriam ficar sem vinho para servir na festa (João 2, 3-5); acolhe João – representando a Igreja e a humanidade – como seu filho (João 19, 26-27); intercede pela Igreja para que o Pentecostes aconteça (Atos dos Apóstolos 1, 14).
            Tais episódios nos ajudam a perceber que a Mãe Celeste demonstra já em vida seu papel ativo para obter os favores da Misericórdia Divina em prol dos homens e mulheres. À vista disto, a tradição nos aponta que desde o século III, os cristãos recorrem a Virgem Maria através da oração mariana: “A vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus”.
            Vejamos agora o que alguns santos e a Igreja afirmam sobre a Mãe Imaculada: “Tu que és Medianeira entre Deus e os pecadores” (Santo Efrém); “nossa medianeira do Criador” (São João Crisóstomo); “Medianeira da lei e da graça” (Santo André de Creta). São João Damasceno afirma que Maria desempenha o “ofício de Medianeira”. Santo Afonso Ligório, doutor da Igreja, expõe que Nossa Senhora é como uma tesoureira e dispensadora das divinas mercês.
            Voltando ao arcabouço bíblico, notamos que algumas pessoas desempenharam o papel de mediadores entre os homens e Deus antes da encarnação do Verbo Divino: Abraão, Moisés, os juízes, os reis, os profetas. Esses personagens eram a voz do povo para Deus e vice versa, uma vez que o povo não podia ver Deus face a face por conta de suas misérias e pecados. Quando Jesus se encarnou no seio da Virgem Maria, ele assumiu eternamente este papel, mas sua obra salvífica conta com a colaboração dos homens, por isso ele permite que haja mediadores entre os homens e ele, e quem melhor que sua própria Mãe para desempenhar esta função, já que nossas misérias e pecados nos fazem sentir minúsculos diante a grandeza de Nosso Senhor?
Destacamos que quando falamos da mediação de Nossa Senhora, não devemos compará-la com a intercessão feita pelos santos, pois a ação da Virgem é muito mais plena, grandiosa e complexa. A intervenção da Mãe Celeste está estritamente ligada ao seu papel de Mãe do Salvador.
            A Virgem Maria devotou toda a sua vida a seu Filho, fosse pela aceitação da proposta do anjo, fosse pela criação e educação de seu Divino Filho, fosse acompanhando toda a sua vida pública, fosse seguindo os passos dele na Via Dolorosa e morte na cruz, fosse difundido o Evangelho a todos os povos após Pentecostes. E tudo que ela fez por seu Filho Jesus, ela faz por cada um de nós como fruto de sua maternidade espiritual.
            Assim, Nossa Senhora é medianeira de todas as graças porque nos deu Jesus Cristo, a graça plena, incriada e eterna, e distribui entre todos seus filhos espirituais as graças criadas, necessárias para nossa salvação, nos dada por intermédio do sacrifício pascal de Nosso Senhor.
            Desta forma, todas as graças, sem exceção, que vêm aos homens passam pelas mãos de Maria. A própria Virgem revelou isto à jovem Catarina Labouré, na França, em 27 de Novembro de 1830, ao estender suas mãos para baixo, e fazer sair delas raios, que eram as graças abundantes que são entregues à humanidade por suas santas mãos.      
            Nossa Senhora é medianeira não por necessidade, porém por privilégio divino, concedido por seu próprio Filho.
            Apesar de “Medianeira de todas as graças” ser apenas um título da Virgem Santa e não um dogma de fé, a Igreja facilmente acredita que as graças são trazidas do céu pelas mãos da Virgem. Em várias partes do Manual da Legião de Maria esse conceito é exibido.
            Em 1921, o Papa Bento XV disponibilizou o Ofício e a Santa Missa da Bem-aventurada Virgem Maria “Medianeira de todas as graças”. Sua celebração ocorre no dia 31 de maio, sendo a Bélgica pioneira nesta devoção que depois se espalhou por todo o mundo.
            Como filhos de uma Mãe zelosa e amorosa, saibamos que se recomeremos a ela de nenhum modo ofendemos a Cristo, uma vez que ele mesmo nos deu como Mãe. Que ela derrame sobre nós uma abundancia de graças que fortifique nossa fé e nos auxilie a alcançar o Céu!
            Nossa Senhora, medianeira de todas as graças, rogai por nós!




Fontes de Pesquisa:



sábado, 2 de novembro de 2019

Finados: Memento Mori e Oração Pelos Fiéis Defuntos


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Angel of Grief - William Wetmore
            Umas das grandes dores que alguém pode sentir é a perda de um ente querido. Lidar com a morte de uma pessoa que amamos é uma batalha árdua. Até Jesus chorou e sentiu pesar quando seu amigo Lázaro morreu (João 11, 35). Mas essa dor não pode perdurar eternamente, uma vez que acreditamos que um dia vamos todos nos reencontrar. Na publicação de hoje, vamos entender porque não devemos  temer a morte nem esquecer-nos daqueles que amamos e morreram e porque devemos trazê-los sempre em nossas orações.
            Entretanto, antes de falarmos sobre a oração para os mortos, faz-se interessante conhecer o que a Igreja ensina acerca da morte e o que ocorre com a alma do fiel falecido após sua Páscoa.
            A morte para o cristão não pode jamais ser vista como um motivo de tristeza ou pesar eterno, mas com resignação e até mesmo “alegria” já que é por ela que iremos ficar face a face com Jesus (o que todo católico deve desejar com todas as forças durante toda a vida!).


Memento Mori

Existe uma expressão que diz que a única certeza que temos na vida é que um dia vamos morrer, por isso devemos viver nos preparando para nossa morte. Em um primeiro momento, essa ideia de viver pensando na morte pode soar macabra e perturbadora, todavia, pode ser um exercício que nos prepara para uma boa morte.

            
Há uma tradição cristã bem antiga que visa reconhecer o eficiente valor espiritual de nos lembramos de nossa morte para vivermos bem. Ou seja, ter ciência de nossa morte nos auxilia a compreender que essa vida é passageira e que um dia ela findará e isso acontece para que alcancemos nosso destino final desejado por Deus: o céu.
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Memento Mori - São Jerônimo
            Alguns santos usavam-se de lembretes visuais para manter a morte sempre aos olhos. Estes lembretes são conhecidos como Memento Mori, uma expressão em latim que significa: “lembre-se de que você vai morrer”. Por isso, às vezes, encontramos um crânio nas pinturas e imagens de alguns santos como São Jerônimo, São Luis Gonzaga e São Francisco de Assis. Para os católicos, a caveira ou crânio deve ser visto como um memorando de nossa mortalidade e não algo mórbido ou diabólico.

O Juízo Particular


           A não ser que Jesus tenha voltado em sua glória, cada um, ao morrer, passará pelo Juízo Particular, imediatamente após a morte (CIC, 1021).

Resultado de imagem para juizo particularAtravés da parábola do rico e Lázaro (Lucas 16, 22) e das palavras de Jesus para o ladrão arrependido na cruz (Lucas 23, 43) entre outros textos do Novo Testamento, percebemos que após a morte existem alguns destinos para a alma do fiel que faleceu. Tal destino será determinado pelos atos de fé e caridade que cada um de nós desempenhou (ou não) nesta vida terrena. Após o julgamento individual, a alma dirige-se para o Céu, para o Inferno ou para o Purgatório.

O Céu

            “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo” (CIC, 1023). Ou seja, aqueles que morrem em estado de santidade são dignos de estarem face a face com Deus por toda a eternidade. Viverão para sempre gozando de paz, alegria, e felicidade suprema em conjunto com a Virgem Maria, todos os outros santos e santas e toda a corte angelical que habita o Paraíso.
            “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam” (I Coríntios 2, 9).

O Inferno

            Infelizmente, nem todos vivem esta vida guiados pelo amor a Deus e aos irmãos. Não é possível amar a Deus, contudo, e fazer mal ou ignorar o sofrimento do próximo que está ao nosso lado.
O Catecismo da Igreja nos diz: “Morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre” (1033) por escolha própria. É a essa separação eterna de Deus e de toda a felicidade que Ele planejou para a humanidade que chamamos Inferno.
É importante salientar que Deus não deseja que nenhum de seus filhos seja condenado ao Inferno, mas esse destino é selado por opção da própria pessoa quando decide se afastar de Deus, de seu amor e de sua misericórdia em sua vida.
Ninguém sabe a hora de sua morte, por isso, Jesus adverte que devemos estar em constante vigia para não sermos pegos desprevenidos e passarmos a eternidade longe de Deus. Por isso, a lembrança do memento mori torna-se um ótimo exercício, como falamos acima.

O Purgatório

Uma pessoa que viveu em amizade com Deus e morreu em estado de graça vai para o Céu, 
aquele que optou por negar Deus e seu amor, é destinado ao Inferno, mas o que acontece com aqueles que viveram os ensinamentos de Jesus, foram bons, mas por algum motivo, não estavam em estado de graça? Eles não podem entrar no Céu porque não estão com a alma limpa de pecados, mas também não são condenadas ao Inferno, por isso elas são encaminhadas ao Purgatório.
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A Igreja ensina que as almas que vão para o Purgatório já têm a sua salvação garantida (CIC, 1030), mas precisam purificar-se para serem dignos de estarem face a face com o Senhor. O Purgatório é o local de purificação dessas almas. Este ainda não é um local da felicidade, ali as almas precisam rezar para cumprir suas penas, por isso sofrem e padecem porque anseiam por estar logo com Deus. Ao completarem sua pena, ou ao ocorrer à volta de Nosso Senhor, as almas serão encaminhadas para o Céu. Contudo, a Igreja dos vivos pode ajudar estas almas a cumprir e encurtar tais penas.
Desde o inicio do Cristianismo, sempre foi comum fazer orações pelos fiéis defuntos, celebrar missas em suas intenções, bem como dar esmolas, receber indulgências e praticar penitências em favor das almas padecentes dos fieis defuntos.

            A Doutrina Católica denomina “Novíssimos” os conceitos de Juízo particular e final, Céu, Inferno e Purgatório. 

Por que devemos rezar pela alma de nossos entes queridos?


            A Doutrina da Igreja Católica nos ensina que orar pelos falecidos é papel de todo cristão! A saber, o Corpo Místico da Igreja é formado por três partes: Igreja Militante – os fiéis vivos neste mundo; Igreja Padecente - os fiéis que se encontram  no purgatório e Igreja Triunfante - composta pelos fiéis que estão no Céu. Estas três partes se complementam e estão em comunhão.
Resultado de imagem para rezando no cemitérioAs orações dos participantes dos três estados da Igreja sustenta a fé Católica, formando assim uma gigantesca corrente de oração e intercessão. Os que estão no céu, intercedem por nós e nossa caminhada terrestre, nós rezamos e intercedemos pelos que estão no purgatório, e os que estão no purgatório rezam para se purificar e participar da intercessão pelos fiéis terrestres.
Quando amamos alguém queremos o melhor para ela, por isso não devemos deixar de rezar por essas pessoas quando elas morrem, uma vez que nossas orações podem ajuda-las a passar pelo purgatório mais rapidamente e assim entrar no Reino dos Céus.
            Mas você pode se perguntar “o que acontecerá com a minha oração se a alma da pessoa pela qual eu estou rezando estiver no Inferno ou no Céu?”. Bem, nenhuma oração é desperdiçada se ela não lucrar indulgências para alma destinada por ela não necessitar por já estar na glória ou por infelizmente não ter mais jeito por ter sido destinada ao sofrimento eterno, ela fica guardada em uma espécie de banco espiritual a ser usada em seu próprio favor quando necessário.
            Hoje é o dia propício para rezar pelos falecidos, mas essa prática deve virar um exercício diário, pois existem tantas almas que estão a um passo de encontrar nosso Senhor, precisando de uma pequena oração feita por nós. Embora o corpo de carne esteja morto, alma está viva!
Um movimento de nossa Igreja que alimenta e estimula essa prática é Legião de Maria, todas as vezes que os legionários realizam as orações da Téssera, eles rezam pelas almas dos legionários falecidos.
            Em toda Santa Missa também existe um momento para rezarmos pelos falecidos. Além disso, pode-se rezar pelos mortos em qualquer momento de oração: grupos de oração, adorações, terços, cenáculos e etc.
            Cultivar este hábito também nas pessoas a nosso redor é importante, pois quando chegar a nossa hora, poderemos contar com as orações deles também, se necessário for.
Imagem relacionada            Orar pelos mortos, visitar cemitérios, ornamentar túmulos não são atos mórbidos, mas são testemunhos que pregamos de nossa fé, pois demonstra que acreditamos em Jesus Cristo e na vida do mundo que há de vir!
            Encerremos este artigo explicitando que a morte não é uma entidade, não é uma personagem, mas uma passagem desta vida para a vida que virá. Temos que viver nossa vida terrestre cientes que um dia vamos passar pela morte e que isso não deve nos gerar medo, mas nos ajudar a criar hábitos caridosos e amáveis para com Deus e para com nossos irmãos – vivos ou mortos. Devemos orar pelos mortos para que as almas padecentes encontrem conforto eterno no Paraíso e de lá interceda por nós também. 



Referência de Pesquisa:

Catecismo da Igreja Católica


quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Santos da Igreja: Como Ocorre o Processo de Canonização

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Última Canonização realizada no Vaticano em 13/10/19

       No último domingo, 13 de outubro de 2019, o Papa Francisco realizou a celebração de canonização de cinco novos santos da Igreja Católica. Este acontecimento gerou muito burburinho nas redes sociais, por isso, o artigo desta semana vem trazer alguns entendimentos acerca do processo de canonização desenvolvido pela Igreja Católica.
            Quando a notícia da canonização de irmã Dulce dos Pobres tomou os mais variados meios de comunicação, algumas pessoas se posicionaram criticamente à freira ser chamada de santa, alegando a Bíblia atesta que somente Deus é santo (Levítico 11, 44, Salmo 22,3; Isaías 6,3).
Antes de analisarmos esta colocação, compreendamos o que significa o termo “santo”. A palavra “santo”, que vem do hebraico kadosh, significa “separado”. Ou seja, algo considerado santo é algo que está separado do que é ordinário, comum, é algo limpo e puro.
Afirmamos com total convicção que Deus é o Santo dos santos, ninguém nunca poderá alcançar a santidade de Deus, pois Ele é santo no grau mais elevado possível da santidade, como podemos ver em I Samuel 2, 2: “Ninguém é santo como o Senhor”. Porém mesmo não sendo santo como Deus é Santo, a santidade é uma proposta para todos os cristãos, como podemos perceber em I Pedro 1, 15-16: “Mas, assim como é santo aquele que vos chamou, sede também santos em todas as ações, pois está escrito: Sede santos porque eu sou santo!”. Em Levítico 19, temos um capítulo inteiro relatando os passos que uma pessoa deve seguir para ser santa. Por isso, podemos conceber que uma pessoa que obedece à Lei de Deus é considerada santa.
Resultado de imagem para santos da igreja            Quando a Igreja canoniza uma pessoa, ela não quer dizer que aquela pessoa tornou-se como Deus, mas que durante a sua vida, ela viveu conforme os ensinamentos de Cristo e por isso alcançou a glória de Deus. O Catecismo da Igreja Católica nos diz: “Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores” (CIC 828).
Desta maneira, a Igreja serve-se dos santos para mostrar aos católicos que é possível viver as virtudes e ensinamentos de Jesus. A vida dos santos é fonte abundante de inspiração e encorajamento nos momentos de aridez espiritual e desânimo. Também se tornam oficialmente intercessores aos quais podemos recorrer nos momentos de necessidade, pedindo auxilio, coragem e fé. É importante ressaltar que, embora possamos recorrer aos santos para fazer nossos pedidos, eles não têm a capacidade de realizar milagres. Somente Deus é poderoso o suficiente para operar milagres, os santos somente são uma ponte entre nós e Jesus, da mesma forma que Jesus é a ponte entre nós e o Pai.
A veneração aos santos acontece desde o século I. Nas catacumbas de Roma encontram-se escritos nos quais se pediam a intercessão dos mártires que lá estavam sepultados.
No princípio do Cristianismo o título de santo era dado somente aos mártires, isto é, àqueles que deram a vida por Jesus Cristo. Mártir significa testemunha. A partir do século IV o nome de santo começou a ser aplicado aos que sobressaiam na prática de todas as virtudes. Seus nomes eram lembrados cada ano por ocasião do aniversário da morte.
            Agora, passemos ao processo de canonização. Canonização é um procedimento realizado pela Igreja Católica Apostólica Romana no qual é atribuído o status de santo a alguém que já havia sido nomeado beato.
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Santa Sé
A Santa Sé com a Congregação para as Causas dos Santos são os responsáveis por acompanhar todo o processamento e podem contar com a ajuda do bispo da localidade onde o suposto candidato viveu. A aprovação final das investigações somente pode ser dada pelo Papa.
O Código de Direito Canônico da Igreja, em seu cânon 1186 explicita: "Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem"; e, ainda no artigo 1187: "Só é lícito venerar com culto público os servos de Deus, que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos."
Ao longo de toda a história da Igreja, os Papas sempre estiveram preocupados com a questão da canonização dos santos, criando regras e normas que tornem o processo justo, claro e, principalmente, verdadeiro.
Antigamente, os santos eram canonizados pelo povo, pois uma vez que alguém que possuía uma fama de santidade morria o povo já declarava: “Aquele era um santo!” Tal aclamação popular era confirmada pelo Papa e o candidato entrava na lista dos santos da Igreja. Este método de canonização esteve vigente até o século XII. Por isso, somente o Papa tinha o poder de promover uma causa de canonização.
Todavia, esse procedimento era um tanto perigoso e vejamos o porquê: como não se havia nenhuma investigação sobre a vida do candidato, poder-se-ia nomear santo alguém que não teve uma vida virtuosa, ou poder-se-ia criar lendas piedosas, exagerando as virtudes do candidato para facilitar a aprovação papal. Por isto, tornou-se necessário haver certo controle e investigações para evitar precipitações e abusos.
Com o passar do tempo, surgiram normas e regras rigorosas que deveriam ser estritamente seguidas para elevar um candidato à canonização. Essas regras e normas ficaram cada vez mais rigorosas, mas em 1983, o Papa (São) João Paulo II, movido pelo Espírito Santo, optou por amenizar e simplificá-las.
Atualmente o processo pode ser aberto cerca de 5 anos após a morte do candidato. O bispo da região onde o candidato vivia consulta os documentos e o povo acerca do suposto santo e ao constatar que não há nenhum impedimento, o pedido é encaminhado para a Santa Sé que após uma análise, autoriza a abertura do procedimento.
Ao abrir-se o processo de canonização o bispo nomeia um postulador, que é uma espécie de advogado, para investigar atentamente a vida do candidato para reconhecer sua fama de santidade, e este candidato passa a ser chamado de Servo de Deus.
            Resumidamente, o procedimento de canonização é dividido em três processos:

Primeiro Processo:
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Servo de Deus Frank Duff - fundador da Legião de Maria
É voltado para as virtudes ou martírio. Essa fase é a mais demorada, pois o postulador deve averiguar meticulosamente a vida do Servo de Deus verificando se este viveu de fato as virtudes indicadas por Jesus. No caso do martírio (quando alguém foi assassinado apenas por ser católico ou defender a fé até a morte), é necessário identificar as circunstâncias que envolveram a morte do Servo, para a comprovação do martírio.
É nesta fase que o bispo responsável pela causa institui um tribunal nomeando seus membros (juiz, promotor, notário). Convocam-se as testemunhas que devem jurar dizer a verdade. Elas são interrogadas sobre a vida, as obras, as virtudes e defeitos do candidato. Tudo o que as testemunhas dizem nesta etapa é guardado sobre grande sigilo.
        A cerimônia de abertura do processo ocorre na primeira sessão. Após esta, outras sessões ocorrem, em que participam os membros do tribunal e a pessoa convocada.
            Cada depoimento é fechado, lacrado e enviado à Roma, onde serão investigados pelos peritos.
Passando desta etapa, o candidato passa de Servo à Venerável.

Segundo Processo:
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Beata Chiara Luce
O segundo processo é o milagre que origina a beatificação. Para ser considerado beato, é imprescindível a comprovação de um milagre ocorrido pela intercessão do candidato após sua morte. Entretanto, se o candidato for considerado um mártir, essa comprovação é dispensável.
            No decorrer da primeira etapa, recolhem-se graças ou curas extraordinárias. Outro tribunal canônico é formado e as graças e curas são examinadas por médicos e peritos. O milagre vai confirmar a união do candidato com Deus.
Para os mártires não é pedido milagres porque o derramamento de seu sangue por Cristo ou pela Igreja vale por muitos milagres.
Passando por esse processo, o candidato é nomeado beato ou bem-aventurado.

Terceiro processo:
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Santa Dulce dos Pobres
O último processo é o milagre para a canonização. Tal milagre deve ocorrer após a beatificação do candidato, milagres que aconteceram antes desta nomeação são descartados para esta fase. Ao comprovar-se o milagre após a beatificação, o beato é canonizado e o novo santo passa a integrar o culto de veneração universal da Igreja.
         Ressaltamos que a canonização não torna ninguém santo. O candidato à canonização já era santo em vida, pois vivia de fato o Evangelho de Cristo. Ao canonizar um santo, a Igreja apenas coloca o nome deste na lista (cânone) dos santos da Igreja. Por isso, podemos dizer que existem milhares de santos desconhecidos, porque todos os que já estão na glória de Deus são santos!

            A proclamação de um santo é irrevogável, por isso a Igreja é prudente durante todo o processo de canonização, exigindo muito tempo e investigação.
           O tempo de cada processo é distinto. Alguns candidatos levaram séculos para serem chamados de santos pela Igreja, outros foram canonizados em poucos anos após sua morte, como é o caso de São João Paulo II e Santa Teresa de Calcutá.
            Existe um livro oficial denominado: Martirológio em que estão registrados os nomes de todos os santos e mártires da Igreja.
O primeiro santo canonizado por um papa foi Ulrich, bispo de Augsburg, que foi declarado santo pelo papa João 15, no ano de 993. E os últimos cinco são: o teólogo e cardeal John Henry Newman (Inglaterra), as religiosas Giuseppina Vannini (Itália) e Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan (Índia), a catequista leiga Marguerite Bays (Suíça) e a brasileira Irmã Dulce dos Pobres, o Anjo Bom da Bahia.
Enfatizamos que não é a Igreja que declara que alguém é santo ou não, é a vida e testemunho do candidato que vai revelar a santidade de sua história. E também, como já foi dito, existem milhares de santos que não foram canonizados pela Igreja mas que estão diante Deus e por isso, são santos.
Que a vida dos santos canonizados pela Igreja ou dos santos que cruzamos no dia a dia possam servir de inspiração e encorajamento nos nossos momentos de angústia e aumente a nossa fé em Deus bem como a nosso desejo de sermos santos também e quem sabe termos a honra de sermos proclamados santos pela nossa vida, virtudes e intimidade com Deus!



Fontes de Pesquisa:
Catecismo da Igreja Católica


quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Outubro Rosa: Santa Águeda

      O mês de outubro é popularmente conhecido como Outubro Rosa devido a uma campanha de conscientização que visa alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Em vista disso, abordaremos hoje em nosso blog a história de uma santa de nossa Igreja que se tornou protetora das doenças mamárias e também relataremos algumas informações relevantes sobre o câncer de mama.

    Águeda, conhecida também como Ágata, nasceu no século III em uma família muito rica e conhecida, na Catânia, Sicília (Itália). Teve uma educação estimada, principalmente na fé cristã. Ainda criança experimentou o Amor de Deus e não mais trocou por nada neste mundo.


    Muito cedo, santa Águeda sentiu um chamado de Deus e decidiu consagrar a sua virgindade ao Senhor. Porém, foi pedida em casamento por um jovem chamado Quinciano que ficou encantado pela sua beleza e nobreza. Prontamente Santa Águeda recusou-se casar com o jovem.

   A grande santa Águeda foi uma jovem de muita coragem, pois vivia num tempo em que o imperador levantou uma forte perseguição contra o cristianismo. Devido à recusa ao casamento, Quinciano denunciou Santa Águeda para as autoridades. E ela foi presa e submetida a diversos interrogatórios com torturas.

   Não renegando a sua fé, santa Águeda foi açoitada e marcada com ferros em brasa, até que mandaram arrancar os seus seios e a jogaram na prisão sem nenhum curativo. Lá, porém, ela teve uma visão de São Pedro com um Anjo que a curou com óleos. Ao verem que ela estava curada e declarava a sua cura como obra do Senhor, a arrastaram sobre carvão em brasa e vidros. 

     De volta para o cárcere, santa Águeda pediu a Deus a sua morte dizendo: “Senhor, que desde a infância me protegestes, extinguistes em mim o amor ao mundo e me destes a graça de sofrer o martírio, ouvi as preces da vossa serva fiel e aceitai a minha alma”. E naquele momento sacudiu a prisão um terremoto e ela enfim veio a falecer. 

    Após um ano da morte de Santa Águeda, a sua cidade se viu apavorada a uma erupção do vulcão Etna. Os moradores correram ao túmulo de Santa Águeda e pegaram o véu da santa que era guardado como relíquia pelos cristãos de Catânia e o estenderam contra a torrente de fogo pedindo a sua intercessão. E  assim, a lava instantemente parou e cessou a erupção. Este milagre correu o mundo todo e a tornou também conhecida como padroeira contra vulcões, terremotos e forças da natureza. 

SIGNIFICADO E SIMBOLISMO DA IMAGEM DE SANTA ÁGUEDA

Cabelos soltos e divididos ao meio – simboliza a sua virgindade, pureza de coração, sua beleza e entrega de sua vida a Jesus Cristo.

Manto vermelho – simboliza o sangue que ela derramou por causa de sua fé em Jesus, o seu martírio.

Túnica verde – representa a vida que renasce e vence a morte. Primeiro, pela sua ressurreição para glória dos céus. Depois, porque seu testemunho fez brotar um grande número de novos cristãos.

Cinto roxo – simboliza a lamentação dos justos pela injustiça que Santa Águeda sofreu e por sua morte.

Taça de ouro na mão direita que contém dois seios – simboliza o sofrimento que ela viveu e a distingue de outras imagens de santas.

A palma na mão esquerda – representa a morte dos mártires.
   

CÂNCER DE MAMA

        Santa Águeda nos ensina que devemos ser firmes e decididos, como também, a amar e respeitar o nosso corpo como presente e templo Divino. Atualmente, o câncer de mama é a doença que mais acomete as mulheres em todo mundo. Sendo 1,38 milhões de novos casos e 458 mil mortes pela doença por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O diagnóstico precoce do câncer auxilia no tratamento e cura da doença. Portanto, é muito importante que a mulher esteja atenta as alterações que possam surgir em seu corpo e que após 40 anos faça anualmente o exame de mamografia. Alguns hábitos como prática de exercícios físicos, dieta balanceada, controle de peso e diminuição do estresse e do consumo de álcool previnem o surgimento do câncer de mama.

        Como já dito, Santa Águeda é a protetora das doenças mamárias. Peça a sua intercessão contra ao câncer de mama, através da sua oração: 

"Ó gloriosa virgem e mártir, Santa Águeda, que para não trair a fé em Jesus Cristo

preferiste ter os seios arrancados no martírio e miraculosamente curados na prisão, olha por tuas filhas que, cheias de confiança, se dirigem a ti. 

Tu que soubeste conservar-te íntegra diante de Deus, liberta-nos da tentação de trocar nossa fé por valores passageiros que nos afastam de Deus. Jovem que foste, livra nossos jovens das drogas, do consumismo, da prostituição
e de todo tipo de exploração.
E como disseste ao teu torturador: “Não te envergonhas de mutilar na mulher o que tua mãe te deu para dele tirares o alimento?”, livra-nos de todos os males da mama para que, a cada dia, vivendo como verdadeiras cristãs, possamos dizer contigo: “Tenho na minha alma os seios íntegros, com os quais nutro todos os meus sentidos que desde a infância consagrei a Cristo Jesus”. Amém.

Fontes de Pesquisa: